
A cirurgia robótica tem se consolidado como uma importante aliada no tratamento do câncer de próstata, especialmente quando se trata de preservar funções vitais como a continência urinária e a função erétil. Dentro desse cenário, o médico Matheus Barbosa Souto desenvolveu sua pesquisa de mestrado na Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais com um olhar sobre um dos passos mais delicados da prostatectomia radical robô-assistida: a preservação do feixe neurovascular.
Orientado pelo Prof. Dr. Eliney Ferreira Faria, o estudo comparou diferentes classificações utilizadas atualmente para essa etapa cirúrgica. “Essas classificações são bastante divergentes. Utilizam estruturas anatômicas distintas como referência, o que acaba impactando diretamente a interpretação do cirurgião”, explica Matheus. Segundo o pesquisador, a falta de padronização pode comprometer desde o registro em prontuário até a avaliação dos desfechos clínicos.
A relevância do tema surgiu a partir da prática profissional do próprio mestrando. Urologista, Matheus já atuava com foco em uro-oncologia e sentia, na rotina cirúrgica, a necessidade de uma base mais sólida e comparativa entre as classificações disponíveis. “Nos surpreendemos ao perceber que a literatura ainda não havia abordado esse tema com profundidade. Por isso, essa pesquisa também é uma contribuição pioneira.”.
Mais do que uma análise técnica, o trabalho tem potencial de impacto direto na formação de novos cirurgiões, na melhoria dos registros médicos e no acompanhamento pós-operatório. “Identificar uma classificação mais reprodutível pode facilitar o ensino da técnica e garantir mais clareza nos prontuários. Isso permite que outros médicos possam analisar os dados e entender melhor os desfechos de cada paciente, tanto do ponto de vista oncológico quanto funcional”, destaca o pesquisador.
Para o orientador da pesquisa, a originalidade do estudo é um de seus principais méritos. “Essa comparação ainda não havia sido feita até então. Estamos entregando à literatura médica uma análise inédita que, com certeza, vai estimular novos trabalhos e reflexões. É uma forma de organizar o conhecimento que hoje está fragmentado”, afirma o professor Eliney Ferreira Faria.
Ele destaca ainda que a pesquisa está alinhada com as demandas da sociedade atual, cada vez mais conectada aos avanços tecnológicos em saúde. “A cirurgia robótica cresce exponencialmente e exige preparo técnico e científico dos profissionais. Trabalhos como esse são fundamentais para garantir que a evolução tecnológica se traduza em mais qualidade de vida para os pacientes”, acrescenta.
